30 setembro 2010

demasiado humano

de tão humano
de tão humano
(tanto quanto nega tal fato
óbvio)

aprecia o contato
- o tato, o olfato -
entre 2 seres
humanos

(humano
é tão humano
que não percebe que o ser
humano
é que lhe da razão pra ser
humano)

só percebe sentido
no atrito humano
por mais que negue que o atrito
seja de fato, humano

mas é,
demasiado humano (o atrito)
demasiado humano (o dito)
demasiado humano (2 seres?)

27 setembro 2010

beleza?

"Um dia a beleza vai salvar o mundo" Dostoiévski


o mundo é sujo
o mundo é feio
o mundo é morte

o que garante que a estética não seja só minha percepção?

desespero
horror
tensão
feiúra
(pura
pra todos)

uma vida feia não vale.

25 setembro 2010

num tempo belo

houve um tempo
em que tudo era belo

as pessoas eram belas
as coisas eram belas
as construções eram belas
(as contradições também)

...
as funções eram bela
(as discussões também)

...
os amores eram belos
os amantes eram belos


nesse tempo até
a informação era bela
e a gnosi louvada.

desse tempo
só duas coisas permaneceram iguais
as plantas e os animais.


[doces lembranças de outro planeta]
[doces lembranças da harmonia perdida]

22 setembro 2010

Poema estéril

O que leva alguém a adotar um filho?
Não vejo nada que justifique
pegar pronto
o que é tão bom de fazer!


[ironia suave e consoladora de um estéril]

07 setembro 2010

Peço que se despeça

Peço que se despeça
com:

- crueldade sutil
- leveza de menina casta
- ironia de vagabunda pagã
- sutileza viril
- avareza de carícias sensíveis
- sentimentos escondidos

e, acima de tudo
com:

- esperteza de quem sabe que voltará.

03 setembro 2010

Poema incompleto sobre pétalas

Pétala
tão nua, tão crua
repousa na paisagem
que minha visão vê

A pétala
se insinua profana
a quem quer que passe
a contemplar

Aperta lá
que chegou a hora
de pagar
pra ver

...