27 janeiro 2011

haikuase

almofada grande
cachorra pequena
as patas pra fora
                         são puro charme

25 janeiro 2011

Rotina de trabalho

segunda:
manhã - cansado
tarde - pesado
noite - desmotivado

terça:
manhã - desmotivado
tarde - cansado
noite - pesado

quarta:
manhã - leve
tarde - desmotivado
noite - cansado

quinta:
manhã - desmoronado
tarde - estufado
noite - cansado

sexta:
manhã - cansado
tarde - vazado
noite - desqualificado

sábado:
libertação

domingo:
culpa

18 janeiro 2011

azeitonas

Sabe, eu gosto muito de azeitona. Como aos montes, pego com a mão no meio da água salgada. Mas vi escrito na embalagem hoje 'azeitonas descaroçadas'. Poxa, que palavra forte! Não precisava ter colocado essa palavra assim, na cara. Fiquei com a sensação de estar comendo algo descaroçado, mutilado. Me senti responsável. Perdi a vontade de comer azeitona...

Epitáfio de um artista

fiz
minha parte
fiz
arte

14 janeiro 2011

07 janeiro 2011

ferido pela chuva no chão

Que diferença faz se os círculos que se formam nas poças d'água surgem de cima ou de baixo? E se todos eles forem um só, só que muito rápido? E se na verdade eles forem o grito desesperado da poça sendo ferida? Ou senão arrotos satisfeitos do gozo de crescer cada vez mais? Será que os pingos da chuva caem do céu ou saem do chão? Não quero me molhar pra ver. Enxergar dói.

04 janeiro 2011

03 janeiro 2011

Medo da morte

depois de ler "Nova concepção da morte", de Ferreira Gullar


Se a morte vem de dentro
(quando não externa)
perceba que é sempre o tempo
que a pondera.


Ponderar por ele é negar a vida.
Rejeitar a condição
dessa ser para ser vivida,
mesmo que na contra-mão.


Pensar a morte é morrer
aos poucos;
é mentir dizendo a verdade,
é preocupação com insalubridade,
é afeição ao podre da idade.


Por ser eterno
o poeta teme a morte.