30 maio 2012

28 maio 2012

um não-poema não-útil

fui caminhar debaixo de sol
a passos lentos
bem pisados
com ar bem respirado

abri meu coração
pra atrair cachorros, pássaros, gatos...
(os animais urbanos da minha época)

um pássaro se fingiu de gordo
(acho que pra assustar)
e veio conversar comigo
talvez estivesse um pouco incomodado
por eu estar sentado
ali, tão perto

ele voou
(se demostrando imensamente mais livre)
e pousou no fio com seu amigo
de lá me olharam com paciência
talvez já entendam as limitações humanas

o cachorro me viu de longe
passou fingindo que não queria nada
e quando tava de costas veio me cheirar
discretamente
com o focinho todo esticado

quando olhei
ele também me olhou
e saiu andando, satisfeito
atrás do Ceará do carreto

o gato tava todo encolhido
parecia que tinha sumido
o pescoço
com tanta desconfiança
tive que parar e convence-lo
que só queria ser amigo

mas fui amigo de longe
pra poder continuar respirando
o ar bem respirado
(tenho alergia aos pelos felinos)

esqueci de reparar nos insetos...

22 maio 2012

poesia do arroz da minha geração

vivo numa estranha
geração

as palavras belas são cafonas
os poetas sujos bonitões
a rima pobre enriquecida
e o amor...

bem,
o amor não sai de moda nunca
mas muda tanto de significado
que já não ouso chama-lo assim

21 maio 2012

agora ou nunca

tentou aproveitar o presente
usando o passado
e garantindo o futuro

falhou

o passado virou dor
e o futuro afundou
na lástima de ter perdido
o presente

17 maio 2012

palavras que vão além de palavras

sensações
valem mais do que
palavras

palavras
provocam sensações
que valem mais do que
palavras
provocam sensações
que valem mais do que
palavras
provocam sensações
que valem mais do que
palavras
provocam sensações
que valem mais do que
palavras

palavras
valem mais do que
sensações

15 maio 2012

Momento

O alto som de fundo sumia na voz suave, nada mais importava.

Olhava de canto de olho
a sombra
es
tra

gi
ca
men
te
posicionada.

Fazia o rosto não ser mais
um rosto,
mas um presente,
uma luz,
a própria beleza
pintada em claras cores
no ar.

O cabelo insistia em cair
e esconder pequenas partes
do sorriso sincero.

O movimento dos músculos, quase discretos, faziam o mundo parar.

Flores crescendo no peito,
alguns segundos
que durarão por toda
eternidade.

12 maio 2012

chuva de verão

I
refresco gelado
do dia embaçado
pelo calor

II
derreter em águas frias
do acumulado
quente sabor

III
apogeu sublime
da não-ação total
do amor