29 setembro 2012

23 setembro 2012

escrevo

escrevo como os humanos de meu tempo
tão sem tempo
de viver
correndo atrás da morte
como se corre para o mar

escrevo como os humanos presos ao tempo
com palavras bobas que impõem limites
como um fim que chega
consequência de um começo
que já foi

escrevo como os animais que pensam
e que se acham tanto mais
aos que de fato só existem
mas que nunca chegam perto
de serem banais

escrevo para ter o que dizer
porque senão me calo
e no silêncio desespero-me
ao sentir a angústia do meu tempo
preso ao tempo de viver

escrevo para superar a morte
existindo em vários tempos
sem nunca ter deixado
de viver
no tempo certo

escrevo para enganar humanos
que se acham como o tempo
mas que passam sem saber
em que momento
dá-se o fim

22 setembro 2012

umidade 2

relativa a umidade
do meu ar
que se abaixa
ante a dor
do não chover

porcentagem
muito pouca
pra viver
acaba sendo
um intenso sofrer

17 setembro 2012