27 fevereiro 2010

Um dia feliz, um dia triste.
Esse é o meu destino,
Um dia feliz, um dia triste.

Independe de companhia, de amizades, de amores e paixões
Independe de sonhos, desejos ou aspirações,
Um dia feliz, um dia triste.

É esse meu estado de equilibrio.
É como uma onda,
Imperdoavelmente sobe e desce.

Um dia feliz, um dia triste.
Será que morrerei no feliz?
Ou será que morrerei no triste?

25 fevereiro 2010

Ah, a felicidade... a alegria de viver!
Mas a alegria do presente,
Mesmo com um passado ruim,
Mesmo com um futuro incerto.

A alegria de um presente,
Mesmo que ruim, mesmo que incerto.
A vida ruim e incerta,
Mesmo que tenha sido um presente.

Ah, a vida... a alegria do presente!
A vida do agora,
Não a que passou,
Não a que está por vir.

O agora é a minha vida.
Tenho mais o agora do que ela própria,
Me pertence mais do que eu a mim mesmo;
Mesmo que seja apenas por um momento.

22 fevereiro 2010

Não sei se vivo
Não sei se sonho
Não sei se preciso viver pra sonhar,
Não sei se preciso do sonho pra viver.

Apenas aconteço
E vou me acontecendo a cada momento.
Apenas desfaço-me do presente
E vou tecendo um futuro ilusório.

Fácil não é, e
Fácil ninguém disse que seria, mas
Facilmente me engano sobre a vida,
Facilmente me engano sobre mim.

Seguindo sempre rumo ao incerto,
Deixando apenas que o tempo passe.
Seguindo sempre indiferente,
Deixando apenas algumas palavras.

Um fato. Fatos.

20 fevereiro 2010

Quero uma mulher!
Mas quero uma mulher muda,
Que nada fale e que muito escute.

Que me escute sobre minhas alucinações,
Sobre minhas besteiras infundadas.
Mas que me deixe só quando eu falar de amor,
Reconhecendo logo a cafonisse.

Que ouça com paciência e desdém,
Fingindo interesse falso e destemido,
As minhas poesias mais longas.

Quero uma mulher muda!
Que não seja poeta,
Que nada fala mas que muito diz,
Que muito olha e pouca faz.

Que apenas por ser já se completa,
Deixando a mim apenas o vazio
Pra completar com minhas palavras pobres.

19 fevereiro 2010

Segue o prato vazio na mesa,
Segue o desespero e a dor.

Segue o alvoroço na chuva,
Segue a oração com fervor.

Segue a lembrança longinqua,
Segue o ódio e o rancor.

Segue a esperança infundada,
Segue a crença no amor.

15 fevereiro 2010

Está quente demais.
Está tudo muito quente a minha volta;
Mas isso não ocorre senão por um único motivo,
Estou frio.

Estou frio demais,
E por isso é tudo tão quente.
Percebe a lógica?
Tão óbvio!

Não ligo,
Deixo o calor me intorpecer,
E caiu num delicioso sono,
Como que renunciando à própria vida.

14 fevereiro 2010

Não sei se posso controlar meus instintos selvagens.
Na verdade posso, mas falsamente.
Só os controlo por fora, pra que ninguém os veja, pois
Por dentro eles estão me dominando,
Me controlando,
Me sufocando,
Me fazendo ser o que eles querem.

Sei que a intenção vale tanto quanto a ação;
Na verdade talvez valha até mais.
Minhas vontades, meus desejos,
Me prenchem o vazio da existência inútil,
Da existência fútil, da existência.

Se quero mas não faço, traiu a mim mesmo.
Se faço sem querer, também.
Os instintos é que me controlam.

Apenas deixo-me levar, apenas deixo-me.

10 fevereiro 2010

Meu coração é rebelde,
Não pertence a nada nem ninguém,
Sai por aí procurando amores
Pelos cantos e becos.

Meu coração é vira lata,
Revira lixo em busca de emoções e prazeres,
Se deixa levar, mas só por um momento.
Seu lugar é na rua.

Meu coração é hippie,
Não tem lugar fixo, a nada se prende.
Mas é pardal,
Sempre volta ao grande amor.

Meu coração é líquido,
Que evapora no calor
E congela na dor,
Sempre por um momento, só por um momento.

08 fevereiro 2010

Não tenho medo do escuro,
Não tenho medo de falar a verdade, e nem da realidade.
Vale a pena viver ainda?
Quer dizer, de que vale a pena viver se não for pra vencer os
. .[próprios medos?
Evito de subir no alto dum prédio,
Porque se vencer mais esse medo,
É de lá mesmo que me jogo,
E encaro de vez o medo final, o medo da morte.
sem dúvida nenhuma
tenho a maior dúvida sobre o que escrever
é um questão de crer pra ver
e que se não crendo, não há palavra alguma

e pouco me importa se não há palavra
porque ela de nada serve
quando um sentimento verdadeiro ferve
e o que resta é apenas a fatidica lavra

posso e quero provar a você
que essa rima pobre é tanto descaso
quanto rima alguma sem nexo
e o que seria da poesia sem o descaso com a vida?