28 outubro 2010

barquinho estalado

O barquinho arredondado descia pelo leito do rio, seguindo sua leve correnteza, quando foi pego, de surpresa, pela estranha estreiteza. Emperrado, o barquinho parou, assustado, o viajante fitou; a sua volta apenas o branco do papel em que tudo era desenhado. O desenho estava todo errado, não era pra entalar o pobre coitado! Mas o desenhista, esperto que era, queria mesmo é fugir do enlatado. Tentou surpreender a todos com um leito fininho e um barco gordão, mas o desenho não lhe rendeu nem um pedaço de pão. 

Poemeto do serial killer da Mata preservada.

te mato
no mato
apenas por prazer

um ato
nefasto
que ninguém quer ver

mas veja, querida
eu sou um animal!
o seu mal é o meu bem
e o seu bem é o meu mal!

18 outubro 2010

Minha primeira canção punk

ratos de porão
ratos de laboratório

todos estão na merda.
todos estão na merda! (voz bem fina)

ratos bem cuidados
dentro de gaiolas
ratos maltratados
nos porões de escolas

todos estão na merda.
todos estão na merda.
todos estão na merda!
todos estão na merda! (voz bem rasgada)

(arroto final)

16 outubro 2010

o toque

falou-me de saudade
fingi não entender

amou-me com o olhar
fingi não perceber

abraçou-me em pensamento
fingi não corresponder

tocou-me em alguns poucos átomos
fingi? não, não consegui fingir mais nada...

08 outubro 2010

Dinheiro

Dinheiro é feito de papel -
vale mais que o azul do céu
pro poeta que passa fome.

Dinheiro é feito de papel -
vale um pedaço do céu
vendido na igrejinha sem nome.

Pedaço de papel
que compra mel
que compra véu
que compra anel
que compra gel
que compra farnel

Que corrompe coronel!