22 março 2012

cara digital

sou um cara digital
o tal

tudo acontece
em tempo real

sem tempo a perder
sem distância a sofrer

conectado
a tudo e todos

dono do mundo
(ó que profundo)

sou um cara digital
banal

19 março 2012

escrever em gratidão

escrevo
pra me puxar pro agora
em admiração a alguns
a vida
a leveza
a delicadeza de poucos
para todos
escrevo

18 março 2012

sobre intoxicação

alimentos degradantes em todos os níveis; não apenas comida industrializadas faz mal, mas todas as coisas industrializadas fazem mal; coisas artificiais, não humanas, não reais, alimento ruim para corpo, mente e alma; intoxicantes.

16 março 2012

Sentidos poéticos

Posso escrever sobre o que sei ou sinto,
mas não terá valor.
A poesia não é acumulação.
Pra ela pouco importa seus amores, saberes, dores...
Pouco importa a sua medíocre condição humana,
que insiste em se considerar importante.
Não importa nada que esteja de acordo
com o que você acha que é.
A poesia se importa em ver,
enxergar, olhar.
Estar atento ao redor, rodear, observar.
E depois ser canal do olho que vê,
da alma que sente,
do todo que quer falar pelo poeta.
A mão só segue o fluxo da expressão,
das coisas em observação.
Não posso escrever,
o que vejo escreve por mim.

13 março 2012

12 março 2012

o drama da falsa vida

eu sei que a vontade é grande
e que o mundo conspira
para tal

mas tenha calma
esteja consciente
escolha, de repente,
o que sentir ser melhor

a vida não é drama
como nas novelas atuais
a vida é apenas
a sua vida
a nossa vida
a mesmo vida de sempre
do primeiro ser humano
que viveu sem atuar

não caia na armadilha
de se auto-dramatizar
não há personagem que valha a pena
assumir como papel perene

cada um real é mais
que uma invenção
dramatúrgica

08 março 2012

Do tesouro que recebemos

Sonhei que recebi um tesouro em forma de algo que lembrava uma flor. Pensei que deveria esperar a hora certa de usá-lo para ajudar o mundo, os homens, os animais, as plantas, os seres. Para guardar enterrei no fundo do fundo da terra do meu quintal, com total segurança. Quando chegou a hora, chamei a todos para verem o tesouro prestes a ser desenterrado que salvaria todos nós da destruição total. Todos me olhavam esperançosos. Quando terminei de desenterrar, não havia tesouro algum. O tesouro (aquele que parecia uma flor) estava podre, tinha decomposto em baixo da terra por todo aquele tempo. O sonho acabou antes de todos se olharem confusos. Percebi, depois de acordado, que deveria ter cuidado do tesouro como uma flor, ao invés de tê-lo escondido. Percebi ainda que deveria colocar a "flor" num lugar em que ela embelezasse o mundo. Percebi, por fim, que quando recebemos algum tesouro, não podemos guarda-lo para esperar a melhor hora de usar, mas sim usar todo dia, em prol das pessoas que vivem ao nosso lado, fazendo do nosso pequeno mundo um lugar melhor. Resolvi chamar esse tesouro de amor. 

06 março 2012

01 março 2012

poetas caídos

o maior perigo de um poeta
é cair no medo
de errar

o melhor perigo de um poeta
é cair no erro
de arriscar

o menor perigo de um poeta
é cair no acerto
de rimar

o pior perigo de um poeta
é cair
e não se levantar