31 julho 2010

Apenas presente

O tempo passa
mas eu existo
em cada momento

Sobre ser estranho humano

Diante da inegável apatia em ser humano

(o mesmo humano que fere,
que mata,
que chuta,
que destrói
e deixa vazio)

Me resta uma opção pouco inovadora: brindar!

(um brinde ao horror dos pensamentos obscuros de todos,
ao horror do meu julgamento injusto,
aos desejos incessantes das almas doentias -
inclusive a minha - e
a arte de viver pra poder pensar, ou vice e versa)

Bravo!

27 julho 2010

o santo responde

o santo
manso
me canso
de olhar

peço, e peço, e peço
e continuo a pecar

o santo
ali parado olhando pra mim

pedindo (mudanças)
e questionando
minha maneira
de ser

o santo
mais me cobra
quanto mais
peço

o santo me diz: não peça, ma(i)s faça.

24 julho 2010

Poema sujo de carência sexual

Só ligo para aparência

não vejo a essência
não meço consequência
não exijo decência
não busco aderência

Quero acabar com minha abstinência
com a sua assistência
mesmo que seja por benevolência

Talvez seja carência
explicada pela ciência
como um problema de convivência

não ligo para desinteligência
não procuro equivalência
não tenho decência
esnobo a existência

Só me resta a convergência

22 julho 2010

não, comigo não

vem comigo

não há perigo
nem castigo

não cutuco o umbigo


.

te dou abrigo


realizo sonho antigo
o passado não investigo

se ir embora não ligo
se pedir eu prossigo


...
mas não garanto nada!

17 julho 2010

(con)fusão quente

das labaredas
fez-se fogo
e das veredas
- de outrora -
fez o que muito
se
acham
a toda hora
absurdo

16 julho 2010

Que meu sorriso

Que meu sorriso
cubra os desabrigados,
alimente os famintos,
alerte os desavisados.

Que provoque
um engano maior
do que viver em vão.

Que mostre
caminho melhor
do que o da multidão.

Que meu sorriso
ensine os ignorantes,
limite os abundantes,
acolha os agonizantes.

Que seja
algo marcante
na sua passagem.

Que liberte
todo seu potencial
de criatividade.

Que meu sorriso,
enfim,
faça você sorrir
também.

14 julho 2010

Amarga distância

Tão dura a vida é
quando vivida - se vivê-la - na distância.

Porque a vida foi feita pra se viver juntinho
tudo bem devagarinho
com os devidos pingos nos is.

É amargo o tempo em que se está longe,
com abismo infinito entre as partes
que se completam.

Porque o relativismo do tempo
está na pressa dos momentos bons
e na eternidade dos perfeitos.

E nada importará quando
a vida for vivida por si só.

11 julho 2010

Fé?

Se acendes uma vela na mesa
pode achar, com total estranheza
que ela irá apaziguar tua alma.

Doce engano de um homem crente
que ao ver um mundo doente
ora pela própria calma.

Não percebes que a vela é a tua fuga
e que pedir é um comportamento sanguessuga?
Talvez estejas cego pra ver
que o que temes é o não crer
e que o giro do mundo
é algo muito mais profundo.

E tudo vira pó...

Não sabia porque tudo acontecia...
queria saber mas não podia.

E se não podia motivo tinha que ter
pois mesmo sem saber
a vida ia levar-lhe a vencida.

Ia descobrir que não é toda colorida,
perceber que os sonhos
terminam sempre em pó
e que as dores de um mundo medonho
não lhe provocam nenhuma dó.

05 julho 2010

Momento

As vezes em só momento
- que dura toda por toda eternidade -
percebo que o vento
parou de me empurrar.

Resolveu atazanar um outro qualquer
que não estava contemplando
tal olhar.

Cada pedaço de emoção demonstrada
em cada pedaço de ação
projetada por almas
com profundo desejo de união.

E a perna que treme
não diz menos que o olho que foge
querendo ficar.

A pele sente e transmiti
todo desejo
pulsante
de continuar.

Os sinais são claros e discretos,
a ordem dos fatos é alterada
pelo tempo que não mais passa.

E o aperto no peito
da incerteza compulsória
do ato que está por vir
se perde no sentir do momento, sem medo.

02 julho 2010

lance

é um lance
se pá romance
não sei se está ao meu alcance

te vejo de relance
sempre em nuance
talvez você se arromance

quero que dance
que contrabalance
quem sabe até que avance

confio mais em mim mesmo
do que no medo
de você