28 maio 2012

um não-poema não-útil

fui caminhar debaixo de sol
a passos lentos
bem pisados
com ar bem respirado

abri meu coração
pra atrair cachorros, pássaros, gatos...
(os animais urbanos da minha época)

um pássaro se fingiu de gordo
(acho que pra assustar)
e veio conversar comigo
talvez estivesse um pouco incomodado
por eu estar sentado
ali, tão perto

ele voou
(se demostrando imensamente mais livre)
e pousou no fio com seu amigo
de lá me olharam com paciência
talvez já entendam as limitações humanas

o cachorro me viu de longe
passou fingindo que não queria nada
e quando tava de costas veio me cheirar
discretamente
com o focinho todo esticado

quando olhei
ele também me olhou
e saiu andando, satisfeito
atrás do Ceará do carreto

o gato tava todo encolhido
parecia que tinha sumido
o pescoço
com tanta desconfiança
tive que parar e convence-lo
que só queria ser amigo

mas fui amigo de longe
pra poder continuar respirando
o ar bem respirado
(tenho alergia aos pelos felinos)

esqueci de reparar nos insetos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário