07 agosto 2012

Abandonar

Abandone-me
Deixe-me
Me
Me
Me

Abandone
Deixe

Simplesmente abandone e deixe

Abandone-se
Deixe-se
Se
Se
Se porventura achar necessário

Mas sempre o é

Abandone
Deixe

Simplesmente abandone e deixe
A si mesmo e ao outro
Até descobrir se o que fazes é pouco
Perto do que podes fazer

02 agosto 2012

poema raro da ausência não-sentida

muitos dias se passaram
e ainda outros passarão


fiquei alerta a chegada de qualquer inspiração
ninguém pareceu querer se expressar

ou ousou me usar

dias a fio esperei sem esperar
fingi não acontecer a falta de acontecimento em mim

não chorei
porque não sei mais chorar

fico com a dúvida se nesse tempo existi
ou se apenas vivi/morri

porque viver é morrer

aconteço muito devagar agora para poder deixar sair qualquer coisa

descumpri minha promessa de escrever 
sem confusão

paro antes de alguma desilusão