30 junho 2012

a escolha do traço

subindo um pouco se vê
a infinidade de caminhos
finitos em comum
convergindo ao que há
e ao que é

19 junho 2012

do que não tem fim

em alguns momentos
olho sem ver
respiro sem ar
flutuo

começo a duvidar das horas que passam
e passam
e passam
e paz

pairo no tempo/espaço
colapso o infinito

ca
da

lu
la
ga
nha
vi
da

somos tudo e todos
nada e ninguém

mas o olho volta pro lugar
a boca engole seco
pulmão
enche de ar

volto a vida de luz irreal
me embalo em auto-entretenimento
deixo que a vida passe
até acabar

18 junho 2012

aos pequenos acontecimentos

são pequenas coisas
pequeninas coisas
que acontecem
sem dizer
porque
são essas coisas
bobas e pequenas
que nos ensinam
a viver

13 junho 2012

pró-mão

parei
respirei
reparei
era contra-mão

e eu fui contra
a mão que já era
mas que não admitia
não percebia
não parava
reparava

virei
mudei
fui na contra
contra-mão

e vi que algo
flui
calmo e manso
sem nada contra
em tudo
pró

12 junho 2012

10 junho 2012

do tempo que parece areia em mãos relaxadas

no momento que te prendi
te perdi
te vi ali
saindo pela porta
indo embora
e eu carregado
pesado
da posse de ti
com medo
insegurança
um covarde disfarçado
revoltado
bravo
inculcado
com a leveza da moça
que ia andando
amando
a tudo e a todos
a vida e a morte
a mim e o caos
a certeza e o fato
de tudo ser incerto

06 junho 2012

aranhamente

De tempos em tempos olhavam pra cima e se incomodavam com a aranha gigante que pairava sobre eles. Ela, estaticamente cruel e medonha, sugava toda e qualquer possibilidade de transformação real. Mandaram algumas cores em forma de luz até ela, talvez na esperança de conquista-lá pela felicidade, ou de combate-la com  amorosidade. Conseguiam e comemoravam orgulhosos até olharem pra cima de novo, e vê-la lá, cruelmente medonha e estática. Mas não perdiam a esperança. Alias, no caso deles, não perdiam as esperanças, no plural mesmo. Tinha várias: de que a aranha saísse de cima e deixasse a luz do sol penetrar em suas cabeças confusas, de que eles saíssem de baixo e enxergassem a luz do sol penetrar em seus olhos fracos e ainda de que ela explodisse em raios de de luzes amarelos, azuis e brancos. Talvez sejam mais sonhos do que esperanças. O fato é que a aranha continuava ali, medonhamente estática e cruel. 

02 junho 2012

fim

desde que cheguei ao fim
nada mais restou pra atrapalhar
mas o fim pareceu tão assim
tão bobo enfim
um fim fora de seu lugar

mas é claro que esse fim
por ser tão simples assim
é o fim que procurei
desde que comecei
a te encontrar

será esse o nosso fim?
procurar pra nunca achar?
não teremos outro jeito
algo de efeito
que venha nos salvar?

mas se sou feliz assim
com este estranho fim
não há nada pra mudar
chegar, buscar ou alcançar
o topo está aqui

o fim é um não-lugar